sexta-feira, 26 de setembro de 2014
A pedagogia do
círculo na educação
Serviraser – educação
& liderança
Conversar em círculo pode ser uma poderosa ferramenta
pedagógica, tanto nos processos educativos que sustentamos com nossos educandos
quanto no trabalho de desenvolvimento de nossa equipe educativa. O círculo é
uma forma eficiente de cultivar os diversos dons da Liderança do Coração, e
aqui destacaremos a Cocriação, a Empatia, a Integridade e o Empreendedorismo.
Essa metodologia de conversa é uma das mais antigas de nossa
história humana – muito provavelmente os primeiros agrupamentos humanos
sentavam em círculo, ao redor da fogueira, por exemplo, para conversar sobre
temas que lhe fossem importantes. Atualmente, redes que investigam formas mais
eficientes de conversar têm jogado luz sobre quais são as características e
benefícios do círculo e a que demandas ele atende, e o têm recuperado como uma
prática que serve a diversos públicos e contextos.
Quais as características do círculo?
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Num bom círculo, todos conseguem se olhar nos
olhos
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Todos estão equidistantes do centro – portanto,
todos têm igual importância na hierarquia
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Todos têm a oportunidade de falar, portanto a
liderança é rotativa e circular
Que demandas o círculo atende?
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Como todos estão no mesmo nível hierárquico,
permite que todos tenham a oportunidade de contribuir para investigar algum
tema ou questão importante, portanto abre espaço para a Cocriação
·
Como todos se olham nos olhos, falando e ouvindo
o compartilhar uns dos outros, o círculo permite que cada pessoa se reconheça
um pouco na outra, aprofundando a Empatia
·
Como, no círculo, cada um fala mais
profundamente de sua própria perspectiva sobre um tema ou questão, ele estimula
que cada pessoa entre em contato com seus pensamentos, emoções e sensações, e
que o grupo também identifique o que está vivo para o coletivo como um todo,
desenvolvendo a Integridade
·
Como o círculo é um espaço para conversar sobre
temas importantes para um grupo, naturalmente ele faz com que todos tenham mais
clareza de seus propósitos individuais e do propósito do grupo, que é uma parte
essencial para o desabrochar do Empreendedorismo
Quais os princípios básicos do círculo?
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Falar com intenção: significa falar a
partir do “eu” (eu sinto, eu acho, na minha vida...) e não projetando a fala em
outras pessoas (as pessoas hoje... porque você sabe... a gente precisa...) e
buscando falar daquilo que é importante para si, conectado com os próprios
sentimentos.
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Escutar com atenção: significa estar
plenamente presente na hora da escuta, sem dispersar, fazer outras coisas ou se
perder nos próprios pensamentos.
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Diminuir o julgamento e aumentar a
curiosidade: significa não interpretar o que o outro está falando, não
emitir opinião (mesmo que sejam conselhos bem intencionados), não achar que
“entendeu” ou “sacou” quem é o outro e porque ele está falando o que está
falando, e sim ouvir com neutralidade ou se fazendo perguntas que lhe ajudem a
querer conhecer mais o outro e sua realidade, buscando investigar o porquê dele
estar falando o que está falando e dele ser quem é.
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O silêncio também faz parte da conversa: significa
permitir que haja momentos de silêncio durante a conversa, seja no espaço entre
a fala de duas pessoas ou durante a fala de uma pessoa, sem interpretá-lo como
“desconfortável”, pois é no silêncio que, muitas vezes, podemos nos conectar
com níveis mais profundos do que estamos sentindo e do que queremos falar.
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Existem outros princípios e compromissos, que
podem ser estudados com mais profundidade em cursos como A Arte da Liderança
Colaborativa ou A Arte de Anfitriar Conversas Significativas (Art of Hosting)
ou em livros como XXXXX.
Quando e como usar o círculo no trabalho com a equipe?
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Sempre
que for iniciar qualquer reunião. Neste caso, sugerimos fazer um círculo
com as perguntas: “Como chegamos nesta reunião? Sobre o que queremos conversar
hoje?”. Essas perguntas ajudarão o grupo a se desconectar das outras demandas e
ficar mais presente na reunião, conectar com o que é importante para cada um e
deixar mais claro quais são as pautas prioritárias para aquele dia.
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Sempre
que for terminar qualquer reunião. A pergunta “Como saio desta reunião
hoje?” ajuda a gerar clareza sobre o que de fato assentou em cada um do que foi
conversado, ajudando a firmar os compromissos de cada um e ajudando a pessoa a
fechar o ciclo energético daquela conversa para que ela possa ir tranquila para
suas próximas atividades. Além disso, esse círculo ajuda a perceber se ficou
algum ruído não expresso durante a reunião, que, se não trabalhado, poderá
gerar as já conhecidas “conversas de bastidores”. Quando não for possível fazer
um círculo mais longo de finalização (pois às vezes a reunião está atrasada),
pode-se fazer um círculo em que cada pessoa fala apenas uma frase ou uma
palavra sobre como está saindo. Outras perguntas que podem ser feitas num
círculo de encerramento podem ser: “Com que compromissos saio desta conversa?”,
“O que mais me tocou nessa conversa?”, “Quais são os próximos passos?”, entre
outras.
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Sempre
que houver necessidade de aprofundar vínculos. Quando a liderança sentir
que existem muitos conflitos numa equipe, ou que há vontade de celebrar os
vínculos, ou checar como cada um está naquele momento em sua vida ou em relação
à organização, ou ainda apenas para nutrir regularmente as relações, é muito
saudável conduzir círculos mais longos, em que cada um pode falar mais profundamente
sobre como está e como está se sentindo em relação ao grupo, à organização onde
trabalha ou ao trabalho em si. Nestes casos, é importante ritualizar o círculo,
para criar um campo sagrado que valorize a conversa que vai acontecer – por
exemplo: arrumar a sala de um jeito especial, com cores e cheiros, arrumando o
centro do círculo com flores, vela e objetivos significativos, escrevendo de
forma bonita e colocando no centro a pergunta que será feita para o círculo,
etc. Perguntas que podem ser úteis para esse tipo de círculo são: “Qual a coisa
mais importante que está acontecendo em minha vida hoje?”, “Como estou me
sentindo em relação a este grupo?”, “Como estou me sentindo em relação a
trabalhar aqui?”, “Como está minha vida hoje?”, entre outras.
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Em
momentos de planejamento estratégico. Sempre que houver a necessidade de
iniciar um planejamento – seja o planejamento anual, de um novo projeto, de uma
festa para a comunidade – o círculo pode ser muito útil para o grupo se
conectar com os sonhos de cada pessoa para aquela nova ação, num nível mais
profundo. Aqui, novamente, pode ser útil ritualizar o círculo, a depender do
grau de importância do planejamento. É bastante produtivo colher as informações
que forem saindo num papel ou computador, para depois partir para outros
momentos de conversa que ajudem a detalhar mais o planejamento. A conversa do
círculo tende a ser menos prática, então, em casos de planejamento é importante
que ele aconteça como a primeira conversa, para conectar as pessoas entre si e
com o propósito do que vai ser planejado num nível mais profundo, gerando
ideias mais criativas e motivação para seguir para as próximas etapas, em que o
planejamento poderá ser detalhado num nível mais prático, usando outras
técnicas de conversa. Perguntas que contribuem para este tipo de círculo são:
“Qual o nosso sonho para (o que vai ser planejado)?”, “Qual, na minha opinião,
é o propósito de (o que vai ser planejado)?”, “ O que / Por que queremos fazer
(o que vai ser planejado)?”, “O que me inspira a querer (o que vai ser
planejado)?”, entre outras perguntas.
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Em
momentos de feedback de equipe. Momentos de avaliação são quase sempre
muito difíceis e tensos. Uma forma de trazer mais segurança e empatia para este
tipo de momento é fazê-lo em círculo, da seguinte forma: primeiro, é importante
que toda a equipe construa junto um grupo de combinados (relativos a
procedimentos, normas, metas, entre outros), pois se os combinados vêm só das
lideranças centrais, as pessoas tendem a não se apropriar tanto deles; segundo,
é importante ritualizar o círculo, criando um ambiente favorável, e dando tempo
para que surja o que for preciso, sem que a conversa tenha de ser interrompida
no auge; terceiro, é importante começar pelo autofeedback, deixando que cada
pessoa se avalie a partir dos combinados que ela mesma (junto com o grupo)
criou, em vez de começar com as pessoas dando feedback umas para as outras –
isso ajuda a diminuir resistências, aumentar a humildade, a sinceridade e a
auto-responsabilidade e, muitas vezes, ao final, resta pouco a ser criticado no
outro; quarto, é importante que as lideranças centrais participem em pé de
igualdade, dando o exemplo honesto de auto-avaliação e sem “aproveitar” para
sutilmente dar bronca ou lição de moral no grupo; em quinto lugar, ajuda muito
se antes da segunda rodada, em que cada um poderá dar feedback para outra
pessoa ou para o grupo, seja frisado a importância da fala positiva e
apreciativa – por exemplo, em vez de “eu não gosto que você fale alto”, dizer
“eu gostaria que você falasse mais baixo” – trazendo o foco para o potencial
que gostaríamos que o outro expressasse, em vez de o defeito que gostaríamos
que ele corrigisse; sexto, nas rodas de feedback, as críticas e os elogios
devem ser igualmente valorizados – é importante que todos se sintam apreciados
em algo, de forma verdadeira; em sétimo lugar, é importante que os combinados,
os exemplos de frase apreciativa, as perguntas que nortearão o círculo etc
estejam visíveis para todos, em flip charts, power point ou outros; em oitavo,
é muito importante que alguém colha (se possível, de forma bonita e visual) as
coisas mais bonitas que surgirem desse círculo, e que possa ser revisitado
depois, seja enviando-o para as pessoas ou deixando esta colheita pregada na
parede; por último, ajuda muito que ao final se faça um fechamento que ajude as
pessoas a aliviar a tensão (com algum exercício físico ou de relaxamento, por
exemplo) e a conectar com algo muito positivo (fazendo uma fala final
profundamente poética e apreciativa). Círculos de feedback, quando bem
conduzidos, são experimentados como algo inesquecível, gerando cura e
aprofundamento de vínculos.
Quando e como usar círculos no
processo educativo?
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Círculos
com crianças: existe uma técnica muito simples e efetiva para usar o
círculo com crianças (mesmo aquelas de 3 ou 4 anos de idade), que consiste em
pedir para que as crianças sentem em círculo e, segurando a ponta de um
barbante, jogar o rolo para uma criança e pedir que ela fale qualquer, por
exemplo, coisa sobre o dia dela (pode ser também sobre qualquer outro assunto –
seus pais, algo que ela aprendeu etc). Em seguida, ela joga para outra criança,
que fala sobre ela, e assim sucessivamente. Quanto menores as crianças, mais
rápidas precisam ser as falas, pois elas facilmente se dispersam. Ao final,
forma-se uma teia, com todas as crianças segurando uma ponta do barbante. Além
de ser divertido, o ato de segurar a corda faz com que as crianças não
dispersem e fiquem presentes na roda. Outra forma de manter o círculo lúdico e
divertido é ter um bastão da fala (veja mais abaixo) lúdico, que possa ser
jogado de pessoa para pessoa – por exemplo, uma bola colorida.
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Círculos
com jovens: conversas em círculo funcionam bem com jovens, e podem ser
feitas em moldes bem parecidos com os sugeridos mais acima, para o trabalho de
equipe. Conversas sobre temas e angústias dessa fase podem ser muito profundas
quando feitas em círculo, desde que não se façam perguntas num nível muito
técnico ou formal (por exemplo, “Qual a importância da sexualidade?”), mas num
nível mais pessoal, que permita ao jovem falar sua opinião sobre o assunto (por
exemplo, “O que é sexualidade para você?”). Ao mesmo tempo, perguntas muito
pessoais (por exemplo, “Como você tem vivido sua sexualidade?”) tendem a não
funcionar, salvo em grupos já bem trabalhos ou com alto nível de vínculo, pois
muitos jovens não querem se expor tanto. Mas quanto é pedido aos jovens sua
opinião sobre um assunto (seja sexualidade ou vida familiar), muitos tendem a
contar um pouco da sua história, e nesse processo, a cada fala que se sucede, o
círculo começa a se aprofundar. É importante o educador entender que existe uma
“musculatura” da conversa a ser trabalhada, e que pode demorar até se chegar
num círculo profundo e concentrado – os primeiros círculos podem ser permeados
de risos nervosos, brincadeiras, ou simplesmente de falas rápidas e curtas. E o
educador não deve repreender ou recriminar o grupo se isso acontecer, pois
neste caso ele corre o risco de perder a confiança do grupo para trazer essa
atividade de novo (que pode ser classificada, neste caso, como “obrigação” ou
“chata”). Em vez disso, o melhor é apreciar o mínimo de avanço na capacidade de
concentração ou de profundidade que for alcançado naquela conversa em
específico. Aos poucos, o grupo vai se acostumando – e até se afeiçoando – a
conversar deste jeito, e vai trazendo historias e temas cada vez mais
profundos.
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Círculos
com adultos: no caso de processos educativos com adultos, o círculo pode
funcionar de forma bem parecida com alguns dos círculos sugeridos mais acima, para
trabalho em equipe. Os adultos, em geral (mesmo os de origem mais simples e com
dificuldade de se expressar) gostam muito de contar sua história, então
perguntas pessoais sempre caem muito bem, por exemplo: “Quem sou eu?”, “O que
eu mais valorizo na vida?”, “Por que (tema em questão) é importante para mim?”,
“Como eu tenho vivido (tema em questão)?” e por aí vai. O único cuidado aqui é
que, no caso de grupos com nível educacional muito simples, é melhor evitar
perguntas que exijam abstração, do tipo “O que este tema que estamos
trabalhando conta sobre mim mesmo?”, pois muitas vezes as pessoas ficam
confusas e se desconectam. Adultos que cresceram com poucos estímulos
educativos tendem a ter mais dificuldade para abstração (embora isso não seja
uma regra) e, por isso, perguntas mais simples e concretas como “O que você
mais gosta na vida?”, “Quem são as pessoas mais importantes para você?”, “Qual
seu maior sonho?”, “Qual sua maior dificuldade?” costumam funcionar melhor.
Dicas para
conduzir círculos
·
Bastão
da fala: muitos grupos têm dificuldade de sustentar uma conversa
profunda, em que as pessoas não se interrompem e em que o silêncio é respeitado
como parte da conversa. Por isso, atualmente, muitos círculos são conduzidos
com a ajuda de um bastão da fala – um objeto que é segurado pela pessoa que
deseja falar e, enquanto ela estiver segurando o objeto, somente ela fala. É importante que o facilitador assegure que o
bastão da fala seja respeitado, convidando gentilmente as pessoas a silenciarem
quando elas falarem enquanto a pessoa que está com o bastão está falando. O
bastão da fala pode ser: (i) um objeto ritual levado pelo facilitador (algo com
uma aura sagrada, seja um símbolo religioso, algo de muito valor sentimental para
o facilitador ou um bonito objeto da natureza); (ii) um objeto lúdico, como um
boneco, uma bola colorida, um objeto engraçado; (iv) qualquer objeto que esteja
disponível, como uma caneta ou uma caneca (não indicado se o facilitador quiser
ritualizar o círculo, mas útil em reuniões cotidianas); (v) um ou vários
objetos dos participantes, que podem levar algo significativo para eles (quando
avisados com antecedência) e colocar esses objetos no centro do círculo, para
que sirvam de bastão da fala. Neste caso, é interessante convidar os
participantes a colocarem seus objetos no centro da roda com a intenção de que,
ao fazer isto, eles estejam investindo sua energia naquela conversa. O
facilitador pode escolher usar um único bastão da fala para todos os
participantes ou eles podem escolher, na sua vez de falar, trocar o objeto por
outro que esteja no centro do círculo. O bastão não é um pré-requisito do
círculo, e é importante que ele não vire uma “muleta” em que a conversa só é
possível com ele, mas ele pode ser uma ferramenta útil para: treinar a
capacidade de falar com intenção e escutar com atenção; ritualizar a conversa; trazer
um aspecto “sensorial” para a fala; ou para momentos em que a conversa
“esquentou” e o grupo está se interrompendo muito.
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Circulando
a fala entre as pessoas: o facilitador pode escolher deixar a fala
livre: quem quiser, pega a palavra (ou o bastão da fala), expressa-se, e depois
devolve o bastão (ou silencia) e espera a próxima pessoa falar. Este tipo de
círculo tem a vantagem de permitir que cada pessoa fale no seu tempo, mas pode
ser muito mais longo, pois às vezes há períodos grandes de silêncio entre uma
fala e outra. Outra opção é pedir que, após a primeira pessoa falar, ela passe
o bastão (ou a palavra) para a pessoa a seu lado (à sua direita, por exemplo) e
assim sucessivamente. Se alguém não desejar falar, essa pessoa passa a palavra
para a pessoa do lado, e assim por diante, até a palavra ou o bastão retornarem
para a primeira pessoa que falou. Se a intenção do círculo for fazer com que
todos falem, a palavra (ou o bastão) pode dar mais de uma volta no círculo,
dando oportunidade para que aqueles que preferiram passar sua vez na primeira
rodada possam falar na segunda.
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Tempo
do círculo: o tempo do círculo depende, principalmente, de três
fatores: o tipo de pergunta (quanto mais profunda, maior o tempo de fala de
cada um); o número de pessoas; o perfil do grupo (pessoas com maior capacidade
de abstração e com maior nível de autoconhecimento tendem a falar por mais
tempo). Embora cada círculo tenha um tempo único, só como uma referência, é
comum círculos de 25 pessoas, quando colocada uma pergunta mais profunda,
demorar cerca de 2h. Embora não seja convidativo falar para as pessoas que elas
têm um número máximo de minutos para falar, o facilitador pode manter em mente,
na hora de calcular o tempo do círculo, uma média de 4 a 6 minutos por pessoa
que, embora nem sempre pareça, é bastante tempo para uma única pessoa falar.
Quando a pergunta é menos profunda ou o grupo não tem o perfil de falar muito,
ou quando a proposta for responder a pergunta com uma frase, o círculo pode ser
bem mais curto – neste caso, pode-se pensar numa média de 1 a 3 minutos por
pessoa. De todo modo, só com a prática chegamos a ter uma noção mais exata do
tempo médio de círculo para cada grupo.
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Preparação
do espaço: como já dito, círculos que se propõem a conversas mais
profundas ganham quando os ambientes em que as conversas acontecerão são melhor
preparados. O tipo de preparação vai depender da cultura do grupo em específico
– em alguns lugares, incensos, velas e outros arranjos serão bem recebidos e,
em outros, apenas um vaso de flor no centro ou apenas a pergunta central que
servirá de base para a conversa, escrita de uma forma atraente e bonita. Caso
os participantes tragam objetos pessoais para colocar no centro, vale colocar
uma toalha bonita e criar um ambiente convidativo para que eles queiram colocar
o seu objeto.
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Sustentação
da energia: durante os círculos, diversas coisas que influenciam a
energia do grupo podem acontecer: o tempo do círculo ser muito longo, e as
pessoas começarem a se desconectar; alguma fala mais emocionante impactar o
grupo; as pessoas se desconectarem dos princípios e começarem a se interromper,
dar conselhos, julgar etc. Por isso, é muito útil que o círculo tenha ao menos
um guardião (que pode ser o próprio facilitador ou um co-facilitador) que desde
o princípio se apresenta como alguém que buscará cuidar da integridade da
energia do círculo. Esse cuidado deve ser feito de forma gentil – ou seja, o
grupo não deve tomar “bronca” por estar quebrando os princípios do circulo, por
exemplo. Uma forma de fazer isso é combinar com o grupo que sempre que o
guardião sentir que a energia está caindo, por causa do tempo, ou porque as
pessoas começaram a se interromper etc, ou em momentos de uma fala mais
tocante, que ele tocará um sino para que todos possam fazer alguns minutos de
silêncio, seja para poder voltar a uma atitude mais centrada, seja para digerir
a fala emocionante que acabou de acontecer. Ao segundo toque do sino, o círculo
pode continuar.
Embora todas as dicas e
princípios explicados nesse texto sejam úteis, o que é realmente determinante
para aprender a facilitar círculos e usá-los de forma apropriada em cada
contexto é praticar, praticar e praticar! Por isso, convidamos todos os
praticantes da Liderança do Coração a arriscar-se e chamar círculos em seus
diversos contextos pessoais e profissionais, ousando criar novas culturas nos
grupos em que participamos, onde a Integridade, a Empatia, a Cocriação e o
Empreendedorismo são forças vivas, e não apenas teorias escritas num papel.
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Me identifiquei muito com tua fala e comprovo isso na prática dentro das empresas. Estar em círculo é um grande resgate da sabedoria ancestral e uma feliz ferramenta de conversas que importam.
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